Por que casais brigam (de verdade) – e como a terapia de casal pode mudar isso

Quando pensamos em conflitos conjugais, é comum imaginar que casais brigam por sexo, dinheiro ou filhos. Mas quem trabalha com terapia de casal sabe: o verdadeiro campo de batalha muitas vezes não são os temas em si, mas a forma como cada parceiro interpreta, reage e responde emocionalmente ao outro. Neste artigo, vamos explorar como funcionam esses padrões relacionais invisíveis, como eles geram sofrimento conjugal, e de que forma a psicoterapia de casal pode transformar esses ciclos negativos em reconexão afetiva.

O julgamento automático: "Meu parceiro é o problema"

Um dos padrões mais comuns em casais em sofrimento é o julgamento do outro como a origem dos conflitos. Cada parceiro, tentando entender sua dor, conclui que o outro tem um defeito essencial:

  • “Ela é controladora demais”

  • “Ele é emocionalmente frio”

Em momentos de crise, o parceiro é visto como ruim, louco ou inadequado. Esse tipo de interpretação cria distância emocional e bloqueia qualquer tentativa de escuta mútua ou empatia. É aí que o relacionamento entra em modo defensivo e o vínculo se fragiliza.

O viés de atribuição: eu sou vítima do contexto, você é assim mesmo

Esse mecanismo psicológico se chama viés de atribuição. Tendemos a justificar nossos próprios comportamentos com base nas circunstâncias externas, enquanto atribuímos os comportamentos do outro a traços de personalidade permanentes:

  • “Eu explodi porque estou sobrecarregada com o trabalho e as crianças.”

  • “Ele explodiu porque é instável e egoísta.”

Esse viés alimenta a ideia de que o problema está no outro e que ele precisa mudar, o que torna o diálogo quase impossível.

A escalada: da queixa à guerra de versões

Com o tempo, cada parceiro desenvolve uma narrativa que o coloca como vítima e o outro como culpado. O foco da relação deixa de ser o afeto ou a construção conjunta, e passa a ser a defesa da própria posição. O casal vive uma guerra de versões, e não uma troca de experiências.

Essa escalada emocional gera ressentimento, frustração e, em muitos casos, o afastamento afetivo e sexual. É como se a relação virasse um tribunal permanente.

Uma nova perspectiva: foco no padrão, não na culpa

A terapia de casal convida o casal a fazer uma mudança profunda: parar de tentar mudar o outro e começar a observar o padrão relacional entre os dois.

Em vez de:

“Você nunca me entende”

Pode-se dizer:

“Percebo que, quando tento falar sobre meus sentimentos, acabamos nos afastando. Isso me deixa sozinha e confusa.”

Essa mudança permite que o casal se una contra o ciclo que os separa, em vez de se atacarem mutuamente. É uma virada poderosa no processo de reconstrução do vínculo.

Emoções superficiais e emoções ocultas

Discussões conjugais quase sempre trazem à tona emoções superficiais como raiva, crítica, sarcasmo ou indiferença. Mas por baixo dessas reações, existem emoções mais profundas e frequentemente não verbalizadas:

  • Medo de rejeição

  • Sensação de abandono

  • Vergonha de não ser bom o suficiente

A psicoterapia ajuda a acessar essas emoções ocultas com segurança, o que cria espaço para reconexão e empatia verdadeira.

A função do terapeuta de casal

O terapeuta não atua como juiz. Seu papel é:

  • Ajudar o casal a identificar o padrão emocional que os aprisiona

  • Criar um espaço de escuta mútua, onde diferenças podem ser compreendidas e aceitas

  • Promover experiências emocionais corretivas, onde o casal possa se ver de forma mais humana e menos defensiva

Para quem a terapia de casal é indicada?

  • Casais que brigam repetidamente pelos mesmos assuntos

  • Casais que convivem sem proximidade ou afeto

  • Casais que vivem uma crise de confiança, comunicação ou desejo

  • Casais em processo de decisão: separar ou reconstruir?

Se você sente que seu relacionamento está preso em ciclos repetitivos de conflito, afastamento ou silêncio, a terapia de casal pode ser o espaço seguro e acolhedor que vocês precisam. Agende uma primeira conversa e descubra como esse processo pode trazer mais clareza, conexão e possibilidades para a relação.

Este artigo é inspirado nos princípios da Terapia Comportamental Integrativa de Casal (IBCT), uma abordagem baseada em evidências que combina aceitação e mudança, e que tem se mostrado eficaz no tratamento de casais em diferentes estágios da relação.

Nem toda crise é o fim.

Terapia de casal para clareza, decisão e reconexão

Veja os horários disponíveis e agende a sua primeira sessão.

 

Psicologia, Relacionamento e Sexualidade

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